Não pule o prefácio!

A parte mais bonita dos livros de doutrina.

METODOLOGIA DA PESQUISA

Leonardo Santiago

5/21/20252 min read

Talvez a parte mais bonita dos livros. Não pule os prefácios. Quando você estiver lendo-os, é um bom sinal. Pode ser até que você demore a ler um livro, aqueles livros mais difíceis são duros de terminar. Dê tempo a si mesmo. Não se preocupe com o tempo, quando estiver com esse tipo de livro nas mãos, mas se der chance aos prefácios, aos prólogos, encontrará a mensagem Gerhart Niemeyer nos informando que Herman Heller não pode terminar sua Teoria do Estado, mas que "a morte foi vencida (...) O fato de não ter podido terminar o nosso autor, até o último detalhe, a presente Teoria do Estado, não pode tirar aos seus últimos dias a tonalidade do triunfo".

Se somos apaixonados por escrever, existe uma grande chance de estarmos escrevendo na nossa hora de encerrar a passagem neste plano. Assim aconteceu com Franz Fanon e Os Condenados da Terra "No dia 6 de dezembro de 1961, morria em Maryland, Washington (...) Soubera um ano antes, Túnis, que sofria de leucemia e que teria menos de um ano de vida. Ainda assim, empenhara-se por acabar a tarefa que tinha em mãos, Os Condenados da Terra, livro que escreveu entre Abril e Julho de 1961".

"Darcy Ribeiro enganou os médicos, fugiu do hospital e refugiou-se na praia dos Cordeirinhos, em Maricá, para reescrever um livro que o perseguia desde muitos anos". O livro: O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil.

No prefácios humaniza-se aqueles que nos parecem tão distantes por sua cultura e sabedoria. Cruz Costa e sua Contribuição à História das Idéias no Brasil, na explicação da 2ª Edição, já se dava por satisfeito com a difusão da 1ª edição e consolado em saber que era raro nas livrarias, "embora, de quando em quando, aparecesse relativamente valorizado no sebos". Aliás, no sebo que o encontrei.

Os prefácios têm esse poder. Tornar o leitor um amigo da obra, mas só daquela obra com a qual acredita valer a pena continuar, porque outra função do prefácio é achá-lo tão ruim a ponto de não seguir naquela aventura.

Falo tudo isso aqui, pois, uma vez mais me deparei com um prefácio que me ensinou bastante. António Manuel Hespanha em Hércules confundido: sentidos improváveis e incertos do constitucionalismo oitocentista: o caso português "estou, pelo contrário, bem consciente de que é preciso contextualizar os textos, em função de outros textos, em função dos seus ambientes extra-textuais".

Enfim, não pule o prefácio!

Livros sugeridos

A aquisição da obra a partir do link é uma forma de contribuir para o blog.